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Morando fora do Brasil: Bagunça Emocional na certa!

Ser estrangeiro não é mole. Há o medo inerente à  mudança, a adaptação num novo ambiente e o luto daquilo que ficou pra trás. Vivido simultaneamente com a euforia de uma nova perspectiva, de experiências inimagináveis acontecendo e de um eu desconhecido surgindo. Tudo isso nem sempre é algo tranquilo de equilibrar dentro de nós mesmos.

Senti na minha própria pele toda essa bagunça emocional quando me mudei para o Uruguai em 2012, onde vivo até hoje.

 

Logo no início da minha chegada as preocupações eram muito práticas.  Eu precisava legalizar minha estadia e trabalhar. Minha mudança foi planejada, eu havia levados os documentos necessários, sabia o que tinha que fazer, mas mesmo assim foi tenso!

 

Cada novo carimbo que necessitamos gera um estresse, sem falar do custo financeiro. Por sorte, nessa etapa ainda estamos cheios de energia.  Acabamos de desembarcar e somos impulsionados pelo encantamento que o novo país nos causa, isso ajuda muito a fazer o que tem que ser feito.

 

Aí, com nossa carteira de identidade novinha vamos procurar um emprego. Não sei como foi com vocês, mas comigo não foi muito fácil nessa parte. Sou psicóloga, para continuar atendendo no novo país precisava revalidar o diploma e isso levou um tempo. Eu já estava ciente.  Sabia que teria que trabalhar em outra atividade até receber permissão para atuar na psicologia outra vez. Entretanto, saber é uma coisa muito diferente do sentir.

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Pode ser frustrante como em outro país nossa experiência profissional nem sempre faz alguma diferença a princípio. Entre os brasileiros vivendo fora, este sentimento parece ser comum à maioria.

 

Bom, mas não desistimos e tocamos para frente.  Afinal, as despesas para pagar no fim do mês existem em toda parte do mundo! Encontramos um trabalho, que de cara não é bem lá aquilo que imaginávamos, mas banca o essencial até nos virarmos melhor.

 

Até aqui já deu tempo de se desesperar umas mil vezes, a cada entrevista, a cada frase gaguejada em outro idioma, a cada ônibus tomado errado e outras dezenas de sufocos.

 

Depois que já nos ajeitamos num emprego e no lugar que passaremos a chamar de casa, as preocupações mais básicas foram sanadas.  Talvez, seja nesse momento que  nosso mundo interior começa a se manifestar mais insistentemente.

 

Com sobrevivência já está garantida, depois de alguns meses fora do Brasil, começam a surgir outras necessidades. É urgente recriar nossa nova vida.  Fazer amizades, se sentir pertencente ao entorno, aprender a lidar com a saudade, com a sensação de desamparo e outras incontáveis angústias que vão surgindo dentro de nós.

 

Uma amiga que também vive fora, chama esse processo de “nascer de novo”. Assim como um bebê faria através da exploração do ambiente e dos sentidos, vamos reaprendendo a caminhar, a falar, a desenvolver outros  limites e novos talentos. Essa construção requer tempo, trabalho, disposição física e emocional. Não é fácil, mas tampouco impossível. O importante é estarmos conscientes de que isso é um processo.

 

Me conta, contigo, como foi ou está sendo a adaptação no exterior?

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60 Responses

  1. engracado… eu sinto esse “nascer de novo” a cada 3 anos, qdo visito o Brasil… a vida das pessoas muda, ficamos por fora dos assuntos da atualidade, tentando se encaixar em um dia-a-dia tao diferente do nosso.. E como nos tbem mudamos, mas todos ainda lembram da gente como da ultima vez que nos viram, eh tao dificil….
    Essa adaptacao que vc menciona eh bem inicial, hoje vivo ha 12 anos na Inglaterra e confesso que me sinto muito mais adaptada a vida daqui do que de la… sou um peixe fora d’agua no Brasil…

    1. Oi Roberta, obrigada por compartilhar sua experiência!
      Eu compreendo você, depois de muito tempo fora a identificação com o atual país é grande. E isso parece muito saudável.
      Percebo, tanto na minha vida como na das pessoas que acompanho, que após uma viagem ao Brasil ou até mesmo depois de receber parentes vindos do Brasil, passamos de novo por uma sensação de readaptação, como você disse. Esse estranhamento nosso com as pessoas e com o lugar e o estranhamento delas com a gente, parece nos lembrar que agora não somos nem totalmente de lá, nem totalmente de cá, não é?!

      1. ola! Nossa me sinto assim… “nem la, nem ca…”
        Vim p frança estudar em 2008 e conheci o meu esposo nessa época em 2010 ele morou 5 meses no brasil p aprender português, conhecer a familia e entao pediu meus pais minha mao em casamento. Foi então que em 2011 nos casamos e td mudou, vim ser moradora aqui. E foi aí que as diferenças culturais ficaram maiores no país. Coisas q não via por aqui antes passaram a me encomodar, nao era mais a vidinha de estudante. Hj com 2 filhos de 5 e 3 e grávida de mais 1 baby, vamos ao brasil 2 vezes por ano, minha família vem todo anos( pais, tias…). Gracas a Deus estamos sempre em contato e meus piticos nunca querem voltar p França qd estamis de férias no brasil pela liberdade c a familia, amigos, vida de interior q temos por ai. Mas eu aqui fico c saudade de voltar, e qd to no brasil sempre penso q nao consigo mais. Td mudou… fico nessa… como se eu me sentisse no meio… e as pessoas não entendem…
        Mas assim vou deixando Deus me guiar!
        É isso!

    2. Comigo não foi assim. Há um ano e meio vim pra Buenos Aires e apesar de sempre ter sofrido pra me adaptar no Brasil(mudava de escola todos os anos), aqui não senti tanta dificuldade de me adaptar a realidade. Tive sorte de conseguir bons empregos de cara e sem contatos. Acho que isso são processos que cada um vive de uma maneira diferente.

      1. É verdade Bea, cada um vive esse processo de maneira particular. De acordo com as experiências passadas pode ser mais fácil ou mais difícil. Parece que mudanças sempre fizeram parte de sua história, certamente isso te ajuda muito nessa nova etapa. Que bom que sua adaptação está sendo tranquila e bem sucedida! Obrigada por compartilhar sua experiência aqui!

    3. Adorei o texto… pura verdade!
      Estou vivendo em Asunción PY, realmente é um nascer de novo, o que mais tenho aprendido com essa experiência é como coisas que vc não se importava antes passa a ter um significado incrível quando você está longe e o mais difícil pra mim é a saudade de casa…

      1. Edcleia, a distância traz outro valor para as coisas que ficaram sem dúvida!Talvez possa ajudar com este texto (LINK) que fala sobre formas de lidar com a saudade. Obrigada por nos contar como tem sido morar fora para você!

  2. logo você se a costuma ao mundo interno e passa a ser dele também.claro com uma mudança inscrivel ,primeiro aprender o que você pensava que sabia Mais que nao usava e nem colocava em prática,o começar de novo e como Se você tivesse que aprender a andar falar em fim,um começar em um outro País e sem dúvida um desafio.
    Ivonete Barreto .

    1. Obrigada pelo seu comentário Ivonete! Sem dúvida recomeçar em outro país é um desafio e aprender a usar as ferramentas que nem sabíamos que tínhamos faz parte do desafio e dessa mudança que você citou.

  3. sim é um nascer de novo que dói, que alegra, que renova e que causa tanta confusão na nossa cabeça que quando você volta para o Brasil a sensação de perda de algo e de não saber por onde começar. Estou nesta fase. Lindo texto parabéns

  4. Oi Vanessa! Estou há quase 3 meses na Costa Rica e também sou psicóloga validando o diploma. Estou também trabalhando em outra área porque vai demorar. É muito isso , nascer de novo, hoje mesmo peguei ônibus errado, ainda fica muito na cara que sou estrangeira, enfim , é um processo diário de descoberta. Visita meu blog se puder: http://www.vivercostarica.wordpress.com Abraços

  5. Amei o texto. Minha experiencia foi extamente igual e muitas vezes me sentia deprimida e pensava que eu estava dramatizando muito. Seu texto me trouxe conforto por saber que muitos passam por esse processo e que nao sou eu que dramatizo as coisas. Obrigada! Bom processo para nós! kkkk

  6. Vivo essa bagunça emocional ainda, 6 anos depois de deixar o Brasil e entrar na Itália, as vezes percebo que me adaptei tão bem com algumas coisas que não trocaria onde estou hoje por nada, mas as vezes me pego sentindo falta do barulho, cheiro e coisas que antes me irritavam tanto no br e isso me deixa angustiada… Por outro lado na minha ultima ida ao br, fiquei tão perdida, que um dia me sentei num shopping só para escutar as pessoas falarem português, a saudade de falar minha língua madre, a vontade de comer frutas que só no br tem, a ansiedade para chegar a noite e se encontrar com amigos ou família, se contrasta com a ansiedade de passar logo o ano para entrar no avião e acabar com a saudade, com o pânico de olhar o telefone tocar e ser um numero do br, e a alegria de ver as dificuldades de um filho serem superadas e na escola as notas serem superiores aos próprios italianos… enfim, quem vive fora do seu pais convive com um misto de emoções que não tem explicação, só entende quem vive! A cada dia uma nova emoção.

    1. Grazi, obrigada por seu comentário. É realmente uma mistura muito grande de emoções, ainda bem que temos muitos ganhos para compensar. E você citou ganhos importantes que te aconteceram vivendo fora!

  7. Eu estou na Alemanha por um ano fazendo um intercâmbio. Quanto à minha adaptação, publico semanalmente no meu blog, com coisas que eu fiz e como que de fato as coisas funcionam por aqui. Com certeza, sendo estudante é tudo mais fácil, mas ficar longe da família e dos amigos rotineiros, é uma tarefa difícil Para quem quiser saber como está sendo a experiência para mim, visitem o blog! http://riefunaki.blogspot.com

  8. O “nascer de novo” foi realmente um parto difícil e a re-construção levou não só tempo mas também energia e resiliência; no final dos anos 80s e inicio de 90s sem internet, nem dinheiro suficiente para ter as conversas necesarias para manter equilibrio mental, com familia e amigos que ficaram no Brasil, hoje quando pensso nisto não sei como sobrevivi, mas aconteceu.

    Foi um processo de desapego material e sentimental (como descrito no blog de Bruna (https://vivercostarica.wordpress.com/2016/01/21/partir-e-tentar-realmente-chegar/)

    Uma reconstrução total em vida profissional, emocional, social, financeira, educação e entendimento ético … hoje depois de mais de 27 anos fora do Brasil, varias universidades, visitas a varios outros países para investigar outras culturas, não me sinto parte de lugar algum e me sinto parte de todos os lugares onde estive e estabeleci uma conecção com as pessoas.

    Residencia atual é entre Canberra e Sydney, Australia (trabalho e paixåo), mas não vejo a hora de passar messes na estrada de novo; visitando velhos amigos e conquistando novos.

    Parabéns a todos que celebram vida, seja lá onde for.

    Ricardo

    1. Ricardo, uau!!! Que linda construção você tem feito em sua vida! Imagino que deve ter sido especialmente doloroso cair no mundo sem as facilidades de comunicação que temos hoje. Mas, você não só sobreviveu a esse “parto” como também construiu uma lar dentro de você, que te faz ficar a vontade em qualquer lugar geográfico. Parabéns e obrigada por dividir sua experiência comigo.

  9. Otimo texto e é bem isso que vivemos fora do nosso Brasil.
    Moro na França ha 4 anos, no primeiro ano fiz ida e vinda, de la pra ca nao mais.
    Faz exatos 3 anos que nao piso no Br, a saudade muitas vezes apertou, ja fui dormir chorando, ja acordei depressiva querendo voltar, ja tive visto recusado e deu mais vontade ainda de voltar. Passei tantos problemas aqui e ainda passo que as vezes da um desanimo bem grande, mas nao me sinto mais a vontade com o povo do BR, vivo desinstalando meu whats pra ter um pouco menos de contato, nao sei se eu me exclui, se eles me excluiram ou se isso acontece com todos. A gnt se sente um parente distante da familia que conviviamos todos os dias. Ainda nao sei como sera a minha proxima visita, apos 3 anos sem ver o povo, acredito q sera bem dificil. A gente acaba se acostumando com a vida do lado de ca, com a casa vazia aos fins de semana, aniversarios, natais, etc.
    Enfim, veremos. So sei que a saudade acalma, mas de tempos em tempos aperta e doi.

    1. Oi Priscila, seu relato é intenso, obrigada por compartilhar. É curioso esse movimento oscilante que a saudade faz né? Espero que a sua próxima visita ao Brasil seja menos difícil do que você espera. Um abraço

  10. Engracado ver esse texto em um momento tao particular da minha vida…Vivi um tempo no exterior e amei cada momento, nunca tive problemas com saudade, familia etc. Parecia um camaleao. Hoje depois de 5 anos vivendo no Brasil, um casamento e um filho, estamos todos indo morar na Inglaterra em busca de qualidade de vida e seguranca. No momento passo “ferias” de um mes na Eslovenia para tirar a documentacao do meu filho e estamos indo na proxima semana. Tudo que esta no texto confere fielmente com o que sinto agora. Deixar a minha casa, meu cachorro para tras me deixou com um profundo sentimento de perda e apesar de estar indo para um lugar conhecido, sinto muita inseguranca visto ter uma crianca pequena agora que depende de mim. Eu, pessoa organizada ao extremo ver a minha vida/casa reduzida em 6 malas de 32 Kgs esta mexendo com minha psique. E um misto de sentimentos que nao ha como explicar e muito menos de compartimentalizar. Espero que esse estagio “correr atras da sbrevivencia” passe logo, e que eu volte a sentir seguranca (mesmo que um pouquinho) rs.

    Abcs

    Viviane Pavlovič

    1. Viviane, que momento importante você está vivendo! Depois de algumas questões básicas resolvidas a segurança vai aparecendo, talvez nunca seja tão presente como a gente quer que ela seja, mas o suficiente para você continuar apostando na sua escolha. Muito boa sorte na mudança!

  11. Olá, estou vivendo na Costa Rica também, a 4 meses. Agora um pouco mais adaptado, mas ainda com dificuldade de chamar aqui de minha casa, meu lugar… Parabéns pelo texto. Me identifiquei muito.

    1. Oi Cláudio, a nova casa precisa de tempo para ser construída dentro e fora de você, é normal esse sentimento de estranheza. Mas, aos poucos, à medida em que você interage com o novo meio, aumenta seu sentimento de pertencente a ele. Mas, sem dúvida, esse começo requer muita energia. Arriba!

  12. Oiii Vanessa, lindo texto parabéns.
    É bem assim mesmo, casei recentemente na Noruega e estou a 6 meses aqui a sensação de que preciso me adaptar que agora aqui é minha casa as vezes me dar medo, sinto muita falta de um amigo verdadeiro ou minha família em especial minha mãe no tempo que eu e ela conversamos e riamos do que passou. Tudo isso me assustar pensar que não estarei com ela como antes, as vezes tenho vontade de chorar nem sei porque apenas sinto isso. Tudo muito novo e como você citou no texto somos como um bebê que temos que aprender tudo de novo para começa uma vida aqui. Beijoss

    1. Urland Fernanda, obrigada por seu comentário. Puxa, você está passando por duas importantes mudanças ao mesmo tempo, casar e viver fora! É normal ter vontade de chorar de vez em quando, mesmo que não se saiba exatamente o motivo. Uma parte dessa tristeza pode vir daquilo que você precisou abrir mão para estar aí agora, como por exemplo as conversas íntimas com sua mãe e a proximidade física dos amigos. Mas, você certamente está vivenciando coisas muito legais, que constituem um ganho tão bom que tem sido o suficiente para você seguir vivendo essa jornada. Ficar triste de vez em quando faz parte, o importante é não deixar ela se instalar.

  13. Sim, isso tudo acontece. Me ocorreu tudo isso quando mudei pro Chile há 2 anos. E agrego uma coisa a mais: me dei conta do quanto estamos condicionados pelos habitos de nosso país. Esse condicionamento envolve idioma, clima, habitos diversos, cultura, características do povo, ideosincrasias diversas, história, psique colotiva, relações afetivas com sua terra, raizes etc. Isso tudo gera uma especie de dissonancia congnitiva, choque de identidade, enfim, muitas dissociações devido as programações inconscientes que se possui. Mas ao mesmo tempo o processo de adaptação exije bastante de suas capacidades, o que é bom e faz crescer em muitos aspectos. Ser extrangeiro é uma experiencia desafiadora que aconselho pra todo mundo experimentar. Parabéns pelo texto Vanessa.

    1. Oi Geraldo, você citou coisas muito importantes, como essa espécie de dissonância cognitiva. É verdade, muitas vezes a gente se depara com hábitos locais que, por vezes, são muito diferentes e até contrários aos que nós tivemos na nossa criação. Sem dúvida, morar fora possibilita ampliar seu repertótio interno de habilidades. Muito obrigada pelo seu comentário.

  14. Super legal o seu texto. E todos os comentários que você recebeu. Me identifiquei com cada um deles. Moro há quatro anos na Alemanha. Gostaria de mencionar um ponto: a saúde física e emocional do estrangeiro.
    Pra mim, sair do Brasil e quebrar o vínculo com a minha família, que no início não aceitava a minha saída do país, me trouxe uma série de problemas físicos e emocionais. Adicionados a este momento de “rompimento”, estão todas as burocracias e incertezas que tive que passar durante o meu processo de casamento aqui, além do terror psicológico conduzido pelos órgãos públicos alemães responsáveis por esta área. Fui parar no hospital e até hoje carrego alguns sintomas que não foram embora. É difícil, mas não voltaria ao Brasil hoje.

    1. Oi Lila! Você falou de algo muito importante realmente, a saúde física e emocional. Vou dedicar um post, futuramente, somente a este tema. É muito comum casos de adoecimentos durante a fase de adaptação. Atendi alguns casos em que a somatização das angústias e seus reflexos no corpo impossibilitaram a permanencia destas pessoas no novo país. É muito difícil controlar a sensação de vulnerabilidade a que estamos expostos quando recém chegamos num lugar. Sem dúvida o aspecto psicológico é determinante nessa transição. Que bom que, apesar das dificuldades, você está seguindo adiante!

    2. Ola Lila, acho muito interessante abordar esse aspecto da coisa, estou há 2 meses em Portugal, e confesso que chorei, estou com ansiedade, e quando ouço alguém falar português com sotaque me da vontade de gritar! Vou voltar para o Brasil final do mês e vamos ver no que vai dar! Vai ser a decisão definitiva se vamos voltar ou não com nossos filhos. Vanessa, deixei uma mensagem no facebook, se puder por favor me responda, beijos a todos!

  15. Bom saber que o que estou vivendo e sentindo também é a realidade de outros. É mesmo um renascimento. Essa é a segunda vez, que deixo o Brasil. A primeira vez fui para a Austrália, era um intercâmbio. Fiquei 2 anos, foi tudo muito bom, a saudade batia, mas eu estava estudando, trabalhando…
    Essa segunda mudança, agora para Portugal, e com motivos completamente diferentes da primeira mudança…Me casei com um português e decidimos que aqui era o lugar para começar nossa vida. Apesar da facilidade com a língua, a adaptação não é fácil. Já estou aqui há 07 meses, ainda sem trabalhar, ainda sem amigas, para eu ligar e marcar um café, uma cerveja. Longe da família, formando uma nova…confesso que têm sido um tanto difícil, muitas vezes a vontade de pegar o primeiro avião com destino ao Brasil é grande…mas estou tentando.

    1. Oi Denise, por mais que já se tenha experiência em morar fora, a reconstrução de um novo mundo sempre nos cobra um tempo, paciência e mais uma dose de coragem né?! Esse período em que ainda não há uma rede social ao redor de você com a qual possa contar, mesmo que só para um café, é realmente difícil. Me faz pensar na inevitável dependência emocional e financeira em relação ao cônjuge, que geralmente acontece nessa fase e que machuca muito a pessoa que abriu mão de sua dependência e sua posição profissional no antigo país.

  16. Oi que alegria encontrar essa materia neste momento…estou ha 4 meses em bariloche..vim com minha familia realizar um sonho do meu marido em retornar a sua terra natal.saimos de floripa e esse frio do outono ja me assusta.a beleza eh inacreditavel e mesmo tendo passado por momentos de choro..desespero..saudade..angustia e arrependimento..hoje consigo ver algumas possibilidades..a diferenca de um pais para outro eh o que mais pesa para mim. No fundo o calor do brasil que existe em mim me faz querer voltar pra casa..mas nao antes de ver a neve. Bjo querida e obrigada pela oportunidade

    1. Oi Cintia, os primeiros meses são duros né?! Ainda tem muita coisa para reconstruir no país novo e a dor daquilo que ficou muitas vezes acaba sendo maior. Mas, quem sabe com a chegada da neve chegue outras saídas também. Obrigada por contar sua experiência aqui. Um beijo!

  17. Senti exatamente isso quando cheguei em Rosário/Argentina.
    Por conta de vir pra cá a estudos, acho que já tenho um peso a menos nos ombros em relação a trabalho e etc, mas mesmo assim o sufoco dos primeiros dias foi grande!
    Atualmente creio que esteja na terceira parte, quando começo a fazer amigos e me colocar em um “meio social”, no entanto, o idioma sendo diferente já é um obstáculo a mais, ainda mais para mim que já sou um pouco ansioso demais na hora de falar, enfim… Mas estou conseguindo levar! Adorei a matéria! 😀

    1. Oi Gustavo, que bom que você já está ambientado e até fazendo amigos! Falar um novo idioma dá ansiedade realmente, a língua nem sempre acompanha o pensamento e a intenção rs. Obrigada por deixar sua opinião.

  18. Hola Vanessa,

    Eu, minha esposa e filhos viemos para o Uruguay em 2012, assim como vc. Passamos pelas mesmas dificuldades e medos, e ainda hj sentimos os impactos de uma cultura diferente. Apesar da “receptividade” dos uruguayos, os brasileiros tem muito mais calor e alegria, e acredito que isso é nossa marca registrada.

    Seu artigo é confortante e muito bom para quem precisa ler palavras de ânimo. Parabéns pela iniciativa…

    Caso queira ouvir nossa história, estamos a disposição para compartilhar nossas experiências e quem sabe “compartir un mate”… risos

    Um forte abraço

  19. “Entretanto, saber é uma coisa muito diferente do sentir.” Palavras que definem o que estou vivendo. Há pouco mais de três meses na Argentina, sinto um misto de emoções que parecem não querer passar. Saudade, medo, angústia, solidão. E, apesar de ter imaginado que não seria diferente disso, sentir é muito mais impactante. Por vezes penso que não vou conseguir, outras, penso que estou no caminho certo. Bom mesmo é poder ler textos como os seus e saber que não sou a única perdida nesse mundo. Obrigada!

    1. Magda, que bom que você percebeu que não está sozinha nestes sentimentos que te invadem, principalmente durante os primeiros meses de chegada, em que muita coisa ainda está se ajeitando e sendo conhecida. Todos nós sentimos isso e vamos aprendendo a lidar com essas emoções a cada reescolha que fazemos por ficar no novo país. Obrigada por contribuir com sua opinião! Um abraço.

  20. Ótimo artigo. Todo esforço e até mesmo a mudança de nomenclatura (Fundo sem arrependimento) é valido para educar e orientar as pessoas a terem uma vida com planejamento financeiro.
    savingplaza

  21. Adorei ler o relato. Vim de mala e cuia para Buenos Aires em 2014, porque me encantei com a cidade em 2013, quando a conheci. Trouxe todos os meus animais e são muitos. Eu não sabia que a cultura daqui era tão diferente nesse sentido, ter mais de um cachorro é absurdo, mais de dois é atestado de loucura pros argentinos. Fora isso, o sonho de modo geral se transformou em pesadelo. Sou escritora, quatro livros publicados, blogs etc e aqui ninguém. Só consegui aluguel caríssimo e minha reserva foi terminando. Não conseguia trabalho. Depois de um ano e meio tive que mudar de um PH para um quarto numa casa de cômodos. A filha que veio junto e usufruiu sempre de tudo enquanto eu tinha, me virou as costas, foi morar só e hoje mal fala comigo, porque cometi o grave pecado de deixar meu dinheiro acabar. Na casa de cômodos passei tudo: tristeza( chorava todos os dias durante seis meses e sou alegre e palhaça nem me reconhecia mais), fome, muita fome, assédio sexual da parte do dono da casa, qe se achava nesse direito quando eu atrasava o pagamento. Sobrevivi graças a ajuda de amigos do Brasil que me enviavam o que podiam, mesmo pouco, pra eu não ficar na rua com meus animais.Meus amigos me diziam pra voltar, eu entrava em conflito porque apesar de viver um inferno, algo me prendia aqui, eu não tinha vontade de voltar e participar de outra odisseia com os animais. Procurei consulado. Eles dão ppassagem de ônibus até Uruguaiana( RS) e olhe lá. Por levar uma malinha apenas e nenhum animal. Em Uruguaiana teria que pedir ajuda na Câmara dos Deputados ou assistência social pra conseguir chegar no seu estado ou cidade e se não conseguisse, dormir no banco da praça. Achei a aventura radical demais pro meu gosto. Escrevi pra Globo e SBT pedindo ajuda, responderam que o setor de jornalismo estava analisando minha história. Isso tem meses, devem estar analisando até agora. Consegui finalmente um trabalho fixo de baby sitter ou ninera como chamam aqui. Patrões ótimos mas meu salário é metade do que pago onde moro. Saí da casa de cômodos, estou num hostel que a principio aceitou meus animais. Continuo procurando trabalho para os finais de semana. Homens…aqui acham que brasileiras são fáceis, querem sexo no primeiro dia e se não quero( preciso de mais tempo) te olham como se não conseguissem entender. Meu emocional ficou péssimo, não sei como mantive o equilíbrio. Senti o peso da solidão no sentido mais amplo da palavra. Outra coisa, aqui o preconceito é maior, nas boates( boliches) só jovens, existem lugars específicos para os com mais de 30,40 etc. Isso pra mim é absurdo. O idioma só agora me desbloqueei e falo…mas apesar de tudo…não quero voltar.

    1. Lucia, que situação complicada você está passando! O lado profissional é, para a maioria dos expatriados, o setor que mais demora para ser recuperado fora do país. Não me surpreende que mesmo com toda sua bagagem profissional isso ainda esteja sendo lento, o que não deixa de ser triste e preocupante. Fiquei muito comovida e estou torcendo para que você encontre um saída logo. Beijo grande

  22. Muito Obrigada Vanessa, por sua empatia, por se colocar no lugar do outro, nesse momento tudo para mim é muito importante. Sou dura na queda, vou continuar tentando e de todo modo me faltam outras alternativas…mas um dia tudo melhora. Beijo grande pra vc também.

  23. Eu amei teu site!Tô me identificando muito com as coisas que tais escrevendo,porque tô passando por todo esse turbilhão agora. Eu e meu marido viemos morar em Berlim,por 3 anos,pois ele está fazendo doutorado aqui. Faz quase 2 meses que cheguei,e o clima(aqui agora é inverno),o idioma tão diferente,fuso horário,tantas coisas fazem com que esta minha adaptação esteja sendo bem complicada. As vezes quando tenho as minhas baixas parece que tô fixando meio doida…
    Não saber lidar com a saudade,com o fato de se sentir perdida..
    Obrigada pelas palavras…estão sendo um acalanto para esse início de jornada tão difícil!

  24. Boa noite! Me chamo Patrícia, sou psicóloga e estou há 4 meses vivendo em Lisboa, e confesso, tem sido muito difícil. Tenho que revalidar meu diploma e é um processo caro e demorado, e como fala o texto, tenho que trabalhar fora da área até conseguir voltar para a psicologia. Mas até mesmo para conseguir algo fora da minha área tem sido difícil, o que me fez e faz pensar em voltar para o Brasil, mas acredito ser uma crise e que vai passar. Até mesmo porque, não deixei nada, e quando voltar, terei que recomeçar, fora problemas no casamento, problemas financeiros. Tenho repetido que tudo isso é uma nuvem e que vai passar. Assim espero! Boa sorte a todos que estão fora do Brasil.

    1. Oi Patrícia, é mesmo muito duro recomeçar. Nesse início tudo é muito difícil, um emprego mais ou menos, fazer amigos, andar pela cidade, lidar com o medo daquilo que ainda não deu certo, a frustração de nossas expectativas, as frustrações alheias … Relatar as durezas daria uma lista interminável, mas não ajudaria em nada. Vai enfrentando um problema por vez. Não se afogue nesse mar de coisas a organizar que você tem pela frente. Gostei do mantra de que é só uma nuvem! Enquanto ela faz sombra, vai fazendo o que dá e o que é prioridade para sua sobrevivência. Desejo muito boa sorte. Beijo grande.

  25. Oi tudo bem?
    Estou passando por isso, ainda não me mudei mas já estou assustada. Meu namorado foi trabalhar em outro país ( aqui perto até, moro em Roraima e ele viajo para Guiana). Ele quer que eu vá, diz que quer crescer junto comigo e eu quero ir, quero ter novas oportunidades mas a negatividade bate forte as vezes ” será que vai dar certo ” ” e se por algum motivo ele querer me largar sozinha lá ” entre várias outras coisas kk.
    Vai ser tudo novo, rotina nova, linhagem nova, primeiro emprego. É estou assustada com a mudança.

    1. Oi Raquel, o estranho seria se você não estivesse pensando sobre tudo isso. É natural que você avalie todas as situações que hipoteticamente viverá fora e é diante das respostas que você imagina que daria que sua decisão será tomada. Mas, o medo é super compreensível. Provavelmente, também deve estar sentindo uma curiosidade, além do medo, em relação à todas as coisas novas que te esperam, caso você se mude. Desejo muito boa sorte nas suas decisões e próximos passos! Um abraço.

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