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Voltar ao Brasil – Visita que dói

Na última viagem ao Brasil, ao me despedir me desmantelei em lágrimas.

À primeira vista tudo normal, afinal despedidas são mesmo tristes.

Porém, eu sabia que voltaria em breve, não havia nada grave acontecendo na minha família e ainda assim meu corpo insistia em se contorcer e se desidratar.

Foram necessários alguns dias para eu voltar a me sentir bem de novo.

A cada visita ao Brasil vivenciamos tantos choques. Tanta coisa se readaptando aos nossos olhos e no nosso coração, que só alguém feito de aço passaria impune sempre.

Ao tirar o pé do avião já nos deparamos com a estranha facilidade de poder falar nosso idioma.  No caminho do aeroporto até onde ficaremos hospedados a paisagem mudou.

Em seguida, começamos a encontrar gente querida. É quase irreal como todo mundo se esforça para conseguir nos ver. Nesse encontro querem pagar nossa conta, nos revelam o apreço que sentem por nós, a falta que fazemos e como somos especiais em suas vidas.

A família conta histórias de quando éramos pequenos. Faz-nos relembrar de como é o sentimento de ter um passado vivido em comum com as pessoas ao lado.

A cada visita muita coisa mudou e precisa ser readaptada aos nossos olhos e o coração. Aquilo que não mudou também machuca, porque foi renunciado.

De volta ao aeroporto parece tão errado deixar tanto amor, tanta história, tanta felicidade para trás e novamente partir.

Mais uma vez estamos de frente para aquela escolha. Aquela que nos feriu em algum lugar interno que descamba a sangrar quando revemos nossa terra natal.

Mas, que o calor desses encontros pontuais e por isso tão especiais, não nos atordoe por muito tempo!

É inevitável que o retorno ao solo estrangeiro seja meio melancólico, que fiquemos um pouco birrentos e introspectivos.

Para não nos demorarmos mais que o necessário nesse limbo emocional é importante nos recordarmos dos motivos que nos fazem bancar a eleição de estarmos onde estamos, com toda a renúncia que isso implica.

Faz-se necessário também, reavivar o flerte com o país para onde imigramos.

Nesses primeiros dias depois do regresso pode fazer bem sair com os amigos nativos. Ir à lugares que considera especiais. Comer as comidas locais favoritas e aos poucos se deixar permear por este lugar que você escolheu para ser sua casa, mais uma vez.

Também te acontece uma explosão de sentimentos quando visita o Brasil? Divida sua história nos comentários, eles ajudam muita gente!

 

 

 

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11 Responses

  1. Eu nunca vi ninguém definir melhor o que sinto todas as vezes que volto ao Brasil. Pareceu um filme na cabeça que me fez colocar o dedo nessa ferida, voltando a sangrar.

  2. Procurei alívio para a minha dor e encontrei o seu Blog.
    Você descreveu tudo o que estou sentindo… retornarei ao exterior daqui 3 dias…
    Obrigada por compartilhar! Obrigada por escrever.

  3. Olá. Morei 10 anos no exterior sem nunca ter voltado ao Brasil. Tive que voltar por uma emergência na família e acabei ficando 2 anos lá… e agora acabo de voltar ao outro país.
    Faz uma semana, e nesses 7 dias já senti mais tristeza do que nos outros 10 anos acumulados. Estranho né? Parece que esses 2 anos me fizeram dar mais valor a minha família e sinto remorso por estar tão longe agora…
    Mas de aprendizado coloquei como meta não ficar mais tanto tempo longe de casa. 🙂
    Gostei muito do site. Abraços.

    1. Oi Roberto, eu acredito que sua dor é mais forte agora que nos outros 10 anos. Provavelmente nesses 2 últimos anos você deve ter se deixado permear pelas coisas boas que também existem no Brasil. Apesar do sofrimento, me parece mais saudável permitir que os sentimentos sejam vividos, você vai encontrar um jeito de lidar com eles. A meta que você se colocou já é um indício disso. Um grande abraço!

  4. É verdade Vanessa, mesmo com a tristeza eu percebi que esse sentimento de saudade é o que me faltava e agora preciso aprender a lidar com isso também.
    Pensando bem, estranho mesmo é ficar 10 anos longe de casa e não sentir nada, né? rs
    Obrigado pela dica 🙂

    Beijo.

  5. Ola, Vanessa!
    Desculpe a falta de acentuacao, meu laptop e alemao com teclado diferente, estou ha tres meses na Alemanha e apesar de tudo agora correr muito melhor que o esperado o sentimento de “passarrinho fora do ninho” esta me corroendo diariamente. Final de semana, como foi dito e o pior dia, a saudade e o sentimento de arrependimento chega ao nivel maximo, da impressao que tudo de ruim que existe no Brasil sumiu e so existem coisas boas…Outro ponto e que ando ansioso ao extremo e acordando varias vezes durante a noite. Quero parabeniza-la pelo Blog, caiu como uma luva tudo que esta postado nele! Morar no exterior e so para os guerreiros mesmo, tem que ter muita resiliencia, nervos de aco, paciencia e muita Fe!
    Grande abraco!

    1. Eliandro, não perca de vista os motivos que te levaram a ir morar na Alemanha. Talvez esse seja o único lugar a se agarrar enquanto passa a dor da partida, do luto daquilo que ficou e a dor de tudo que está sendo remexido dentro de você para que possa acomodar o novo. Tente lembrar que não será assim para sempre, cada passo que você der aí tende a amenizar as faltas que você sente de lá. Obrigada por dividir sua experiência. Um grande abraço!

  6. Oi Vanessa, procurando na internet respostas para o que estou sentindo achei seu blog. Você está de parabéns, realmente muito bom.
    Já li algumas postagens e todas vinheram exatamente de encontro ao que eu sinto. Moro a quase 5 anos na Alemanha e tento manter uma rotina de a cada dois anos ir ao Brasil. Sempre digo que nao sei o que é pior, não ir ou esse momento do retorno, porque quando volto é muito ruim, esse remorço por estar perdendo tantos momentos, o pesar porque o tempo passa tão rapido quando estamos lá. É um sentimento muito ruim, triste. Eu não penso em voltar a morar no Brasil, se voltasse no tempo faria a mesma escolha. Mas existem momentos que me pergunto e se eu tivesse ficado? Vale a pena viver longe de todos? Vale a pena abrir mão de tantas coisas? O que adianta ter coisas aqui que nao posso compartilhar com eles. É um misto de perguntas sem respostas. Eu digo que queria viver tudo que vivo aqui mas com as pessoas de lá. Mas se pode ter tudo não é mesmo?

    1. Oi Aline, ah é frequente a gente devanear sobre o quanto seria perfeito se pudéssemos trazer as pessoas que sentimos falta no Brasil para habitar nosso mundo no exterior. Só que perfeição é algo tão pouco frequente na nossa vida, quanto mais a gente consegue se desvenciliar dela melhor para conseguirmos enxergar as coisas boas que são imperfeitas mas, suprem algo importante mesmo assim. Eu acho que as perguntas sobre o que teria sido se tivéssemos ficado no Brasil sempre vão rondar os pensamentos, principalmente nos dias de tristeza. E como você mesma já percebeu, não tem resposta, ou melhor tem, mas não é tão objetiva: você escolheu partir por muitas motivos tangíveis, como amor, trabalho, descobertas e etc, mas sempre tem algo maior que tudo isso por trás da decisão e que torna possível irmos embora do país, algo que muito provavelmente te faz funcionar melhor aí fora, por mais que você sofra em outras áreas da vida. Tentar achar qual é essa motivação quase inconsciente pode ajudar a dar força. Um beijo grande.

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